Páginas

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Os fantasmas de Margaret Thatcher

Maryl Streep (Margaret Thatcher) em "A dama de ferro"

Na manhã do último dia 8 o mundo acordou com a notícia da morte da primeira-ministra britânica
Margaret Thatcher, aos 87 anos, causada por um AVC. Conhecida como dama de ferro, por sua atuação rígida e por vezes inflexível, ela foi a primeira mulher a conduzir o parlamento britânico.

Daí o título do filme - bem como do livro sobre sua vida -, A dama de ferro (2011) que rendeu à Maryl Streep (Margaret Thatcher) o oscar de Melhor Atriz em 2012. A produção está em cartaz no 39º Festival Sesc Melhores Filmes, que acontece até o dia 25 em São Paulo e mais 18 cidades paulistas. (Consulte os locais e a programação: http://melhoresfilmes.sescsp.org.br/programacao)

Gostaria de destacar o brilhante roteiro do filme, assinado por Abi Morgan - lembrando que Thatcher estava viva quando a produção foi escrita e filmada. Sem delonga, a trajetória da primeira-ministra britânica é permeada por fantasmas que rondam os seus pensamentos na última fase da vida. 

Não há linearidade. O que há é uma história plausível e coerente de como Thatcher chegou a um parlamento antes dominado por homens. No entanto, já idosa e destituída do cargo político mais ambicionado do Reino Unido, a senhora primeira-ministra se vê refém de um passado majestoso.

Sua vida, agora, está limitada às fronteiras da própria residência. Não há marido nem filho, já falecidos. Restam-lhe a memória do que foi ou do que poderia ter sido. Nesse tom, flashes revelam quem foi e como surgiu a dama de ferro

Logo no início do filme, um jantar entre figuras britânicas importantes a faz lembrar do embaraço por qual teria passado não fosse o marido, Denis Thatcher (Jim Broadbent), orientá-la no uso adequado dos talheres. Formada pela renomada Universidade de Oxford, mas filha de quitandeiro, a primeira-ministra, em sua juventude, não era habituada a sofisticações.

Em outro momento, mais derradeiro, uma miniatura de soldados localizada em seu aposento traz à memória a guerra para a retomada das Ilhas Malvinas, no Atlântico Sul, que deixou mortos 300 soldados britânicos - talvez, o triunfo mais aclamado da parlamentar.

Da vida familiar, não há muito o que recordar. A política tomara todo o tempo de Thatcher, que passava as madrugadas a escrever discursos aos eleitores. Seu olhar feminino sobre a administração pública, mais irritava que agradava aos seus colegas de partido, pressionados pelas manifestações nas ruas e pelo setor privado. Não obstante a crise econômica-industrial por qual passava a nação britânica, avaliava a política monetária pelo preço do leite ou da manteiga. 

Obstinada, a primeira-ministra dizia que a ela interessava tão-somente a felicidade e a prosperidade dos britânicos. Nesse espírito, conduziu o Reino Unido com mão de ferro por mais de 11 anos.

Veja o trailer:



***
Imagem: http://on.fb.me/123xRJA 

Leia também:
Fantasias de chão de fábrica
Duas vezes Quentin Tarantino
Na saúde e na doença, Amor

Nenhum comentário:

Postar um comentário